O 70° aniversário da República Popular da China é parte da história do desenvolvimento do socialismo

 

Décadas de prática provaram que o sistema do socialismo com características chinesas amadureceu. Tal sistema tem efetivamente promovido o desenvolvimento da economia chinesa e o progresso da sociedade, resistindo os complicados testes da situação nacional e internacional. Nós temos plena confiança na teoria, caminho e instituições do socialismo com características chinesas. Hoje, o socialismo com características chinesas entrou em uma nova era e novos problemas surgiram. A contradição principal na sociedade mudou. No entanto, a teoria básica, o caminho básico e o sistema básico do socialismo com características chinesas ainda permanecem corretos. Por um longo período da história seguiremos consistentemente aderindo e desenvolvendo o socialismo com características chinesas.

1)A história de 70 anos da fundação da República Popular da China é o processo de estabelecimento, construção e melhoria contínua do socialismo e uma história do desenvolvimento do socialismo na China.

São setenta anos extraordinários, cheio de contradições e lutas, não somente lutando contra as forças hostis, mas também lutando contra nossos próprios erros. Nós experimentamos altos e baixos e conquistamos grandes feitos que atraíram a atenção mundial. A nação chinesa se levantou, ficando mais rica e poderosa em direção a um grande renascimento. Essas conquistas não são negadas nem mesmo pelos nossos inimigos. A história provou que tomar o caminho socialista, como escolha do povo e da história, está em linha com as leis do desenvolvimento social. Hoje, nós podemos orgulhosamente anunciar que o caminho socialista é correto.

Depois da Guerra do Ópio em 1849, a China converteu-se em um país semicolonial e semifeudal e foi arbitrariamente humilhada. O povo vivia em apuros. Pessoas com nobres ideais começaram a explorar caminhos para salvar o país e o povo. Naquela época, muitos queriam seguir o caminho do capitalismo, porém não sabiam como. No momento em que as pessoas em todos os lugares estavam batendo com a cara no muro, confusas, sem encontrar um caminho, eclode a Revolução de Outubro, que trouxe para nós o Marxismo-Leninismo. Descobrimos assim que havia uma forma de os trabalhadores se livrarem da opressão e exploração conquistando a liberdade, através do caminho do socialismo. A combinação do Marxismo com a realidade da China tem fundamentalmente transformado a face da China. Sob a liderança do Partido Comunista da China, o povo chinês, depois de décadas de batalhas sangrentas contra o imperialismo, feudalismo e o capitalismo burocrático, finalmente derrubou as três montanhas, conquistando grandes vitórias na revolução de nova democracia, estabelecendo assim a República Popular da China.

Nas vésperas da fundação da República Popular da China em 1949, as pessoas se indagavam sobre qual seria o caminho tomado pela China e qual tipo de país seria construído. Nessa época, Mao Zedong escreveu o artigo “Sobre a Ditadura Democrática Popular” e respondeu essas questões. O artigo revisa a história moderna da China e resume a experiência dos vinte e oito anos de luta revolucionária desde a fundação do Partido. O artigo afirma:

“Seguir o caminho dos russos; esta foi a conclusão.” [1]

Tomando o caminho socialista aberto pela Revolução de Outubro na Rússia, nós nunca iremos seguir o caminho capitalista da Grã-Bretanha ou dos Estados Unidos. Isso determina a direção básica e o caminho da fundação da Nova China. Desde então, a história da China tem sido a história do desenvolvimento do socialismo. O socialismo é o tema da Nova China.

2) Nos três primeiros anos de fundação da Nova China, nós basicamente continuamos por completar as tarefas deixadas pela revolução de nova democracia, completando a reforma agrária, reprimindo os contrarrevolucionários, eliminando as ameaças, etc., e ao mesmo tempo lutamos na guerra da Coreia.

Em 1953, o novo regime havia sido consolidado, a economia nacional restaurada e a construção econômica de larga escala começado. Naquela época, o Partido prontamente propôs a linha geral do período de transição, implementando a industrialização socialista, e ao mesmo tempo implementando a transformação socialista da agricultura e do artesanato (transformando a propriedade individual da agricultura e artesanato em propriedade coletiva socialista). A propriedade privada capitalista da indústria e do comércio foi transformada em propriedade do estado socialista, propriedade de todo o povo. Partindo da realidade concreta da China, nosso Partido criativamente aplicou os princípios básicos do Marxismo, colocando adiante novas ideias, liderando amplas massas do povo na construção dessa grande transformação social. Em 1956 as “três grandes reformas” foram basicamente concluídas e o sistema socialista estabelecido. Em um país com uma larga população e complicadas circunstâncias, nós realizamos a transição da nova democracia para o socialismo em poucos anos. Uma mudança social de tal tipo, enquanto se mantinha a estabilidade e o desenvolvimento econômico, foi de fato um feito incrível, que deve ser registrado na história do Movimento Comunista Internacional.

Desde a Reforma e Abertura, frequentemente algumas pessoas mencionam que as “três grandes reformas” não eram necessárias, pelo fato de atualmente a economia individual, a economia privada e o capital estrangeiro não somente existirem, como também terem se desenvolvido em larga escala. O capital total, o valor de produção e o número de trabalhadores empregados na economia privada superam enormemente aos primórdios da República Popular da China. Eles pensam que as “três grandes reformas” não deveriam ter sido feitas. Isso é um erro.

Em primeiro lugar, as “três grandes transformações” estão em linha com os requerimentos de que as relações de produção devem estar de acordo com o caráter das forças produtivas. Com o desenvolvimento da industrialização socialista, o estabelecimento de grandes empresas industriais as forças produtivas sociais se desenvolveram. Naquela época, a propriedade individual e a propriedade privada capitalista não estava de acordo com as necessidades do desenvolvimento das forças produtivas e muitas contradições sugiram. Essas contradições só poderiam ser resolvidas pela transformação da propriedade privada em propriedade pública socialista. Nosso erro foi o de ter muito apressadamente estabelecido o sistema único de propriedade pública, não o de termos feito as “três grandes transformações”.

Em segundo lugar, nós também devemos considerar essa questão politicamente.

Visando realizar a transformação do poder de Estado de ditadura democrática-popular, de natureza de nova democracia para um de natureza socialista, era necessário fazer isso. O poder de Estado de ditadura democrática popular era originalmente uma ditadura conjunta de várias classes revolucionárias. O desenvolvimento da história exigiu que ele fosse transformado em um regime liderado pelo proletariado e baseado na aliança de operários e camponeses, o que era essencialmente a ditadura do proletariado. A implementação das “três grandes transformações” era também necessária a partir dessa perspectiva. [2]

Em terceiro lugar, a conclusão das “três grandes transformações” e o estabelecimento do sistema socialista calcou os fundamentos institucionais para a posterior Reforma e Abertura. Como uma Reforma e Abertura para melhorar o socialismo, ela só pode ser levada a cabo sob a premissa de que o sistema socialista já está estabelecido. Sem o sistema socialista, não há forma de melhorar o sistema socialista. Nós não podemos negar a necessidade das “três grandes transformações” pelo fato de precisarmos corrigir os problemas do sistema único da propriedade pública e ajustar a estrutura de propriedade de acordo com as condições nacionais na fase primária do socialismo.

Por tal motivo, nós devemos aderir a “Resolução sobre Algumas Questões na História de nosso Partido desde a Fundação da República Popular da China” adotada pela Sexta Sessão Plenária do 11° Comitê Central:

A linha geral do período de transição reflete uma inevitabilidade histórica e é “completamente correta.” Embora as “três grandes transformações” tenham defeitos e desvios, tais como algumas demandas excessivas, “de uma maneira geral, em um país grande, com uma população de centenas de milhares de pessoas, profundas transformações sociais promoveram a indústria, a agricultura e toda a economia nacional. Esta foi de fato uma grande vitória histórica.” O estabelecimento do sistema socialista é a maior e mais profunda transformação na história de nosso país. Ela é a base para todos os futuros progressos e para o desenvolvimento de nosso país. [4]

De abril de 1956 até abril de 1966: década em que a China começou a construir o socialismo em todas as frentes.

Inicialmente, nós não tínhamos experiência em como construir o socialismo. Nós apenas podíamos aprender da União Soviética, que possuía décadas de experiência na construção socialista. A experiência básica da construção socialista na União Soviética deveria ser estudada, incluindo sua adesão política à liderança do Partido Comunista e a ditadura do proletariado; adesão econômica ao sistema de propriedade pública dos meios de produção materiais, distribuição de acordo com o trabalho, eliminação da exploração e eliminação da polarização; adesão ideológica ao Marxismo como guia, etc. Isso reflete os princípios básicos do socialismo científico, sua lei comum, possuindo valor universal. Portanto, nós sempre consideramos nossa causa socialista como uma continuação da Revolução de Outubro. Porém, a experiência específica da construção socialista soviética (incluindo o seu sistema, mecanismos operacionais e políticas específicas para construir o socialismo, etc, devem ser analisadas detalhadamente, algumas das quais são corretas e podem ser aprendidas.

Algumas se adequam apenas para as condições nacionais da URSS, não podendo ser copiadas para outros países com condições nacionais diferentes, outras são erradas. Muito rápido Mao Zedong percebeu tais problemas. Ele resumiu a experiência da construção socialista da China nos primeiros anos e propôs que a China explorasse o seu próprio caminho de construção do socialismo, combinado com suas condições nacionais, realizando o segundo salto do Marxismo na China. Isso se reflete claramente na obra “Sobre as Dez Grandes Relações”. Esse é o começo da exploração do socialismo com características. Todas as conquistas e problemas são produzidas no processo de exploração do socialismo. Nós devemos olhar para a nossa história com essa visão.

Durante essa década, nosso Partido acumulou importante experiência na liderança da construção socialista, produzindo algumas ideias originais. A mais notável foi apresentada em 1956, sobre corretamente resolver as contradições no seio do povo e acuradamente analisar a situação da sociedade socialista. Ele propôs que na sociedade socialista ainda existem contradições, mas o caráter das contradições é diferente das contradições no capitalismo. Ainda que existam contradições entre nós e os inimigos na sociedade socialista, elas já não seriam a contradição principal. Um grande número de contradições existe no seio do povo. As contradições no meio do povo já seriam contradições não-antagônicas baseadas na unidade fundamental de interesses, a qual podem ser resolvidas pelo método da unidade, crítica e unidade. Essa conclusão corrige a visão metafísica prevalecente no Movimento Comunista Internacional, que negava que a contradição ainda existia na sociedade socialista. Lenin anteriormente previu que no socialismo, o antagonismo desapareceria, mas as contradições seguiriam existindo. No entanto, os círculos teóricos representados por Stálin na URSS declararam que não havia contradição no socialismo depois que a transformação da propriedade dos meios de produção estivesse completada. As relações socialistas de produção estavam inteiramente em correspondência com a natureza das forças produtivas. Clamavam que a promoção do desenvolvimento da sociedade socialista não era mais um movimento contraditório, mas que a política e a coerência moral eram a força dirigente para o desenvolvimento da sociedade socialista. A negação das contradições leva inevitavelmente a negação da luta de classes dentro de um certo escopo, a qual por sua voz nega fundamentalmente o perigo da restauração capitalista. Eles propunham a questão de quem iria vencer, socialismo ou capitalismo, já havia sido resolvida de uma vez por todas. Eles usavam os fatores externos para explicar as contradições na sociedade, como se todas as contradições fossem entre nós e os inimigos.

Em tais circunstâncias, Mao Zedong colocou adiante o problema de corretamente resolver as contradições no meio do povo, respondendo cientificamente a vários problemas que o socialismo enfrentava, enriquecendo e desenvolvendo o Marxismo, e jogando um papel revigorante em todo o Movimento Comunista Internacional.

No trabalho concreto desta década, o nosso partido também apresentou muitas ideias importantes que ainda têm significado orientador. Por exemplo, em 1958, Mao Zedong propôs mudar o foco do trabalho do Partido e do Estado para a revolução tecnológica e a construção socialista. Ao corrigir os erros do “Grande Salto Adiante” e do movimento das comunas populares, ele propôs que não se obrigasse os camponeses, que não pulássemos etapas, combatendo assim o igualitarismo e dando ênfase na produção mercantil, observando a lei do valor.

A exploração da questão socialista de nosso Partido possui duas categorias principais: como construir e desenvolver o socialismo e como consolidar o socialismo e prevenir a restauração capitalista

No processo de busca e exploração de como construir o socialismo de acordo com nossas condições nacionais, grandes conquistas foram obtidas, mas também cometemos erros. Em 1958, a Segunda Sessão do Oitavo Congresso Nacional do Partido adotou a linha geral da construção socialista. Esta linha geral reflete plenamente o desejo do povo de mudar a situação econômica e cultural do nosso país, mobilizou o entusiasmo e a criatividade das pessoas de todas as nacionalidades e alcançou certos resultados. A desvantagem é que a lei objetiva do desenvolvimento econômico foi negligenciada. Devido à compreensão insuficiente da situação econômica básica da China, complacência, vontade de alcançar o sucesso e exagero do papel da vontade e dos esforços subjetivos das pessoas, os erros de desvio da “esquerda” marcados por indicadores elevados, comando cego, exageros sobre o “vento comunista”, resultaram em graves dificuldades de 1959 a 1961. O país e o povo sofreram pesadas perdas. No inverno de 1960, o Comitê Central do Partido começou a corrigir o desvio de “esquerda” e decidiu implementar a política de “reajuste, consolidação, enriquecimento e melhoria” da economia nacional. Em 1962, uma conferência de trabalho central ampliada foi realizada com 7.000 participantes. A experiência e as lições do Grande Salto para a Frente foram preliminarmente resumidas, e críticas e autocríticas foram realizadas. Como resultado dessas medidas, a economia nacional se recuperou e se desenvolveu suavemente de setembro de 1962 a 1966, e uma cenário próspero apareceu novamente. Embora a ideologia orientadora da “esquerda” não tenha sido completamente corrigida, ela não atingiu o nível de dominar a situação geral naquele momento.

Fatos provaram que o caminho de exploração de construção socialista da China é uma tarefa complicada e árdua. O entendimento das pessoas está alinhado com a realidade objetiva e requer um processo prático. Não pode ser realizado do dia para a noite. Nesse processo, é difícil evitar erros. Mao Zedong apontou:

“O socialismo nunca foi realizando anteriormente, não havia anteriormente experiências específicas de construção socialista antes de fazermos o socialismo” (Resumir as experiências, educar os quadros, 1961). “Nós temos dois tipos de experiência, as experiências erradas e as corretas. As experiências corretas nos inspiram, as experiências erradas nos ensinam” (A Revolução e Construção depende de nós mesmos, 1963) [5]

Com base no constante resumo de sua experiência, nosso Partido gradualmente entendeu as leis de construção do socialismo na China, levando adiante a causa do socialismo.

Em comparação com 1956, os ativos fixos industriais nacionais aumentaram três vezes em 1966, e a produção de importantes produtos industriais, como fios de algodão, carvão, geração de energia, petróleo bruto, aço e equipamentos de maquinaria aumentou tremendamente. Um grande número de setores industriais emergentes foi estabelecido e o layout industrial melhorou. A construção de infraestrutura agrícola e a transformação tecnológica começaram a ser realizadas em grande escala e alcançaram resultados. A causa da educação cultural também foi bastante desenvolvida. A resolução da Sexta Sessão Plenária do Décimo Primeiro Comitê Central apontou que “uma grande parte da base material e tecnológica sobre a qual confiamos na modernização foi construída durante esse período”.[6] Esta é uma avaliação realista.

Fomos confrontados não apenas com a questão de como construir o socialismo e desenvolver o socialismo, mas também como consolidar o socialismo e impedir a restauração do capitalismo. No Movimento Comunista Internacional, no passado, devido à existência de contradições negativas, poucas pessoas colocam essa questão na agenda. Naquela época, os círculos teóricos soviéticos acreditavam que o perigo da restauração capitalista não existia após a conclusão da transformação socialista da propriedade dos materiais de produção.

Mao Zedong, levando em consideração a prática da China, apontou claramente que

Depois que a transformação socialista da propriedade dos meios de produção foi basicamente concluída, a “luta de massas em grande escala do período revolucionário basicamente terminaram, mas os remanescentes da classe compradora-latifundiária ainda existem, a burguesia ainda existe a pequena burguesia acabou de ser transformada. A luta de classes ainda não chegou ao fim”. A luta de classes entre o proletariado e a burguesia, a luta de classes entre as várias forças políticas e a luta de classes entre o proletariado e a burguesia, em termos de ideologia, durarão por um longo tempo, e às vezes se tornará bastante acirradas. O proletariado deve transformar o mundo de acordo com suas próprias visão de mundo; a burguesia também deve transformar o mundo de acordo com sua própria visão. A este respeito, a questão de quem vencerá ou perderá, socialismo ou capitalismo, não foi realmente resolvida. “A luta ideológica entre o socialismo e o capitalismo na China levará muito tempo para ser resolvida. [7]

Neste caso, o perigo de restauração capitalista ainda existe. Em 1957, um número muito reduzido de direitistas burgueses lançou uma ofensiva contra o Partido e contra o novo sistema socialista, tentando substituir a direção da liderança do Partido Comunista, derrubando o sistema socialista. O resoluto contra-ataque contra os direitistas foi totalmente correto e necessário. O único erro foi que a luta anti-direitista foi alargada, e um grande número de contradições internas no seio do povo foram tratadas como contradições entre nós e o inimigo. A prática da luta anti-direitista prova de que a revolução socialista apenas na frente econômica não é suficiente. É também necessário levar a cabo a revolução socialista no campo político e ideológico. Só assim o socialismo pode ser consolidado.

Em 1956, um importante evento ocorre no Movimento Comunista Internacional, nomeadamente, o relatório feito por Kruschev durante o 20° Congresso do Partido Comunista da União Soviética negando Stálin completamente desencadeou uma onda anticomunista e anti-socialista internacional, o caos ideológico no Movimento Comunista Internacional e o incidente na Hungria. Um terço dos militantes dos Partidos Comunistas saíram do Partido. O revisionismo de Kruschev teve sérias consequências. Nosso Partido publicou sucessivamente dois artigos: Sobre a Experiência Histórica da Ditadura do Proletariado e Ainda Sobre a Experiência Histórica da Ditadura do Proletariado, que combateu essa tendência de pensamento estabilizando a situação.

Essa luta elevou a vigilância de nosso Partido e levantou a questão do antirrevisionismo e da luta contra ele, bem como da prevenção contra a restauração capitalista. Depois desse incidente, percebemos que o maior perigo era o surgimento do revisionismo dentro do Partido. Nosso Partido começou a explorar como prevenir a restauração do capitalismo em nosso país. Apesar do excesso de vigilância na prática da luta contra esse fenômeno, bem como os exageros sobre o perigo de restauração, foi de grande significado ter levantado este problema, e a experiência acumulada nesse campo vale a pena ser absorvida.

Durante os dez anos de debate entre China e União Soviética, de 1956 até 1966, Mao Zedong elaborou muitas questões importantes sobre essa questão. Em primeiro lugar, ainda existem contradições na sociedade socialista, ainda existe luta de classes. Em segundo lugar, a luta entre os dois caminhos, capitalismo e socialismo, ainda não foi completamente resolvida e ainda existe o perigo de restauração capitalista. Em terceiro lugar, o maior perigo é que o revisionismo está no Partido. É necessário considerar a luta contra o revisionismo e a prevenção da restauração capitalista como algo importante. A revolta política e a mudança de sistema social na União Soviética e Leste Europeu, no final dos anos 80 e começo dos anos 90, compravam totalmente a justeza dessas teses, e infelizmente muitas previsões foram confirmadas. Trinta e cinco anos antes, Mao Zedong havia realizado tais julgamentos. Nós não podemos deixar de admirar sua visão estratégica. Como disse o camarada Wang Zheng, o Presidente Mao Zedong viu as coisas cinquenta anos antes que nós.

De maio de 1966 a outubro de 1976: a década da “Revolução Cultural”.

Esta década, em certo sentido, foi um ensaio para prevenir a restauração do capitalismo, porém deve ser dito que ela não foi bem-sucedida.

Como analisar a história dessa década? Essa é uma questão controversa. Eu tentarei fazer alguns comentários.

Primeiramente, a intenção original e o ponto de partida da “Revolução Cultural” lançada por Mao Zedong deve ser avaliada separadamente das práticas específicas da “Revolução Cultural”. A prática da “Revolução Cultural” foi errada, mas isso não quer dizer que o ponto de partida para Mao Zedong lançar a “Revolução Cultural” foi errado. Mao Zedong propôs a “Revolução Cultural” a fim de combater o revisionismo e prevenir a restauração capitalista. Esse ponto de partida é correto. Posteriormente, as mudanças na União Soviética e Leste Europeu provaram esse ponto. A intenção original de lançar a “Revolução Cultural” não pode ser negada por causa dos erros da “Revolução Cultural”.

O camarada Bo Yibo afirmou:

Fazendo uma análise concreta da “Revolução Cultural” de um modo realista, podemos ver claramente que o ponto de partida para Mao Zedong ter proposto esses problemas eram corretos. O seu pensamento estratégico possui muitos pontos importantes. Em longo prazo, eles devem ser afirmados. Ao mesmo tempo, isso pode ser visto claramente, o Presidente Mao cometeu importantes erros ao estimar a situação daquela época e muitas práticas trazidas por eles precisam ser abandonadas.” [8]

Essa é uma análise científica e realista.

A prática da “Revolução Cultural” foi equivocada. Esses erros foram produzidos por três importantes motivos: 1) o pensamento orientador era errado, erroneamente considerando que a luta de classes era a contradição principal da sociedade e erroneamente desenvolvendo esse pensamento orientador como “continuar a revolução sob a ditadura do proletariado” com um significado específico; 2) A situação da luta de classe em nosso país foi superestimada. Se acreditou que um grande número de representantes da burguesia e contrarrevolucionários revisionistas estavam infiltrados no Partido, governo, Exército e setor cultural. A liderança não estava mais nas mãos de Marxistas e das massas. Um quartel-general da burguesia havia se formado dentro do Partido. 3) A solução para o problema era errada. Ela tomou a prática de acusar e derrubar. As organizações em todos os níveis foram abaladas. Quadros de liderança em todos os níveis foram criticados, combatidos, dando a alguns conspiradores e ambiciosos uma oportunidade para tomarem vantagem, provocando uma guerra civil. No entanto, isso não significa que a ideia de Mao Zedong de prevenir a restauração do capitalismo nos países socialistas seja errada. Pelo contrário, as drásticas mudanças na União Soviética e Leste Europeu provam que as ideias de Mao Zedong sobre a prevenção da restauração capitalista possuem um significado estratégico. Elas não podem ser negadas por causa dos erros da “Revolução Cultural”. Uma análise científica do problema deve ser feita, evitando assim que joguemos fora o bebê com a água do banho.

Em segundo lugar, o pensamento de Mao Zedong sobre a “Revolução Cultural” deve ser separado do uso ambicioso feito por conspiradores. Algumas práticas absurdas na “Revolução Cultural” foram levadas a cabo por Lin Biao e pelo “Bando dos Quatro”. O próprio Mao Zedong se opôs a elas, mas era difícil as corrigi-las por causa da situação. O trabalho ambicioso dos conspiradores não pode ser atribuído ao Presidente Mao Zedong.

Em terceiro lugar, nós devemos avaliar os erros da “Revolução Cultural” separando-os dos progressos históricos obtidos durante a década da “Revolução Cultural”. A “Revolução Cultural” foi no geral equivocada. Fez com que o Partido e o país sofressem os mais graves erros e perdas desde a fundação do país. No entanto, nosso país na a década da “Revolução Cultural” também obteve muitas conquistas. É impossível dizer que esta década foi inútil em nome de negar a “Revolução Cultural”. Nesses dez anos, o valor total da produção industrial e agrícola aumentou em 133,54%, dos quais o valor total da produção industrial aumentou em 172,6%, com uma taxa de crescimento anual média de 9,55%, e o valor total da produção agrícola aumentou em 35,3%, com uma taxa de crescimento anual média de 2,8%, a construção de três linhas, a introdução de equipamento técnico estrangeiro, a construção básica de terras agrícolas, o aumentoe em grande escala e desenvolvimento de cinco indústrias locais pequenas e indústria social. Neste período, preparamos importantes condições materiais para o desenvolvimento econômico na nova era de reforma e abertura. [9] Nessa época, duas bombas atômicas foram testadas e um satélite artificial foi lançado. O restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos e o Japão também foram alcançados durante este período, e tudo isso é resultado do trabalho árduo dos operários, camponeses e intelectuais.

Deve ser notado que durante os dez anos da “Revolução Cultural”, apesar de muitas confusões, o sistema básico do socialismo estava preservado e funcionava. Se insistia na liderança do Partido Comunista, no poder político de ditadura do proletariado, na propriedade pública dos meios de produção material e no papel guia do Marxismo.

A história da “Revolução Cultural” deve ser tratada como a exploração de um país socialista no caminho de consolidar o socialismo e prevenir a restauração do capitalismo. Nós devemos resumir seriamente as lições da “Revolução Cultural” em vez de simplesmente condená-la.

A Terceira Sessão Plenária do Décimo Primeiro Comitê Central, realizada em dezembro de 1978, foi um ponto de viragem na história da República. Essa reunião abriu o novo período histórico de Reforma e Abertura.

A Terceira Sessão Plenária colocou adiante a linha ideológica de emancipar a mente e buscar a verdade nos fatos. O povo agora livre dos grilhões do dogmatismo prevalecente no passado, fez grandes esforços para estudar a nova situação e os novos problemas, resolutamente abandonando o caminho errado de tomar a luta de classes como tarefa central e alterou o foco do trabalho do Partido para a construção econômica. A Reforma e Abertura, como forma de resolver as contradições objetivas existentes e promover o desenvolvimento do socialismo foi colocada na agenda, primeiro no interior, depois nas cidades, enquanto se enfatizava a necessidade de aderir aos quatro princípios fundamentais. As reformas da China foram muito claras desde o início e foram levadas a cabo com base na premissa de se aderir aos quatro princípios fundamentais, com o objetivo de aperfeiçoar o socialismo. Mais tarde, ficou claro que a China ainda estava no estágio primário do socialismo, e todas as políticas e medidas deviam ser formuladas a partir dessa condição nacional básica. Gradualmente formou-se a linha básica do partido no estágio primário do socialismo. O trabalho do Partido e do Estado ressurgiu.

Em 1 de setembro de 1982, Deng Xiaoping fez um discurso na cerimônia de abertura do 12. Congresso do Partido Comunista da China e claramente propôs a construção do socialismo com características chinesas. Ele afirmou:

“Nossa modernização deve partir da realidade da China. Na revolução ou construção, nós devemos prestar atenção e aprender das experiências estrangeiras. No entanto, nós nunca vamos obter sucesso se copiarmos a experiência de outros países. Combinar a verdade universal do Marxismo com a realidade concreta de nosso país, seguindo o nosso próprio caminho na construção do socialismo com características chinesas, essa é a conclusão básica que tiramos ao resumirmos nossa experiência histórica.” [10]

O socialismo com características chinesas é a teoria básica e o caminho básico da China desde a Reforma e Abertura. Na nova era da Reforma e Abertura, nós tempos sempre tomado o caminho do socialismo com características chinesas. O socialismo com características chinesas é a cristalização teórica da combinação dos princípios básicos do marxismo com a realidade concreta da China (primeiro, a China está no estágio primário do socialismo, que são as condições nacionais mais básicas) e as características dos tempos (globalização econômica, paz e desenvolvimento são os principais problemas da época). O XVII e XVIII Congressos Nacionais do Partido Comunista da China definem o socialismo com características chinesas: o socialismo com características chinesas não apenas adere aos princípios básicos do socialismo científico, mas também imprime características chinesas distintas, de acordo com as condições e características nacionais da China e da época atual. Ou seja, o socialismo com características chinesas é essencialmente o socialismo científico, que é a raiz e fonte do socialismo com características chinesas. Isso mostra a origem teórica do socialismo com características chinesas. No nível essencial, incorpora os princípios básicos do socialismo (“se o socialismo científico for abandonado não existe socialismo) e, nesse nível, não possui características chinesas. Sem os princípios básicos do socialismo científico, o socialismo com características chinesas perderá seus fundamentos, tornar-se-á uma moldura que pode ser adaptada a qualquer coisa, e não haverá fim à vista. No nível das formas concretas de realização dos princípios básicos do socialismo científico, nós o exploramos de acordo com nossas próprias condições e características nacionais. “Características chinesas” refere-se à forma específica de realização dos princípios básicos do socialismo científico.

Aclarando a relação entre socialismo com características chinesas e os princípios básicos do socialismo científico, nós podemos entender a posição que este possui dentro do movimento socialista. Este é uma etapa do socialismo científico e está relacionado com o modelo soviético. O socialismo com características chinesas não deve ser considerado como um resultado do fracasso do modelo socialista soviético ou uma “dessovietização”. Os dois estão essencialmente unidos, mas diferem na forma de realização da essência do socialismo científico. Não podemos opor o socialismo com características chinesas com a nossa prática socialista anterior a Reforma e Abertura. Por exemplo, dizer que esta última é uma negação da primeira (dizer que o socialismo com características chinesas é produto da “desmaoização”) ou usar a primeira para negar a última. Nós devemos saber que o início da exploração do socialismo com características chinesas foi feito por Mao Zedong, mas foi durante o período de Deng Xiaoping que este se converteu em um sistema teórico completo. Os dois períodos possuem uma relação de herança.

De acordo com a teoria do socialismo com características chinesas, nós estabelecemos um sistema socialista com características chinesas. Na economia, nós estabelecemos um sistema econômico básico onde a economia pública é o setor principal, o setor estatal é o fator dominante e múltiplas formas de propriedade se desenvolvem conjuntamente. O mecanismo operacional da economia socialista de mercado foi estabelecido. Na política, estabelecemos a aliança operário-camponesa liderada pela classe operária, um sistema de ditadura democrática-popular, um governo central democrático baseado no sistema de congressos populares, uma estrutura nacional de país multiétnico e um sistema de autonomia nacional regional em um país unificado, bem como o sistema político-partidário de cooperação pluripartidária e de consulta política liderado pelo Partido Comunista da China. Na cultura, estabelecemos um sistema sob a orientação do marxismo de cultura vermelha revolucionária, que absorve os elementos positivos e avançados de outras culturas. Décadas de prática provaram que este conjunto completo do sistema socialista com características chinesas amadureceu, o que promoveu grandemente o desenvolvimento econômico e o progresso social da China, resistindo ao teste de situações internacionais e domésticas complexas. Temos plena confiança na teoria, caminho e sistema do socialismo com características chinesas. Hoje, o socialismo com características chinesas entrou em uma nova era. Muitas novas situações e problemas surgiram e se alterou a contradição principal. Mas a teoria básica, o caminho e o sistema do socialismo com características chinesas ainda permanecem corretos. Em um período histórico bastante longo, no futuro seguiremos aderindo e desenvolvendo consistentemente o socialismo com características chinesas.

Podemos resumir a história de setenta anos desde a fundação da República Popular da seguinte forma:

Os setenta anos de existência da RPC gira em torno do desenvolvimento do socialismo, desde o estabelecimento do sistema socialista até a construção do socialismo e o seu aperfeiçoamento. É uma história do desenvolvimento do socialismo na China. Sem socialismo não podemos entender a história de setenta anos de nossa República.

A causa do socialismo em nosso país sempre se desenvolveu em meio a busca de um caminho. Por causa dessa busca, reviravoltas inevitavelmente ocorrerão. Olhando para a história dos nossos setenta anos, a partir da perspectiva dessa exploração, muitos problemas podem ser totalmente entendíveis, porém nossas conquistas ocupam a posição principal. Tudo deve ser dividido em duas partes, assim também deve ser o desenvolvimento do socialismo em nosso país, em suas conquistas e erros. Não existe coisa perfeita. Mas a prática de setenta anos mostra que as conquistas são o fator principal e os problemas o fator secundário.

Nós temos plena confiança no socialismo.

Notas

[1] Obras Escolhidas de Mao Zedong, Vol. 4, p.147, Pequim, Editora do Povo, 1991.

[2] Ver Deng Liqun, Registros Selecionados de Conversas Históricas (I), p. 141 e 142, Instituto de Pesquisas da China Contemporânea, 2018.

[3] Seleção e Compilação de Documentos Importantes do Partido e do Estado desde a Terceira Sessão Plenária do Décimo Primeiro Comitê Central (Parte I), Editado pelo Departamento de Administração Educacional da Escola do Partido do Comitê Central do Partido Comunista da China, p. 94, 2003.

[4] Seleção e Compilação de Documentos Importantes do Partido e do Estado desde a Terceira Sessão Plenária do Décimo Primeiro Comitê Central (Parte I), Editado pelo Departamento de Administração Educacional da Escola do Partido do Comitê Central do Partido Comunista da China, p. 89, 2003.

[5] Obras Selecionadas de Mao Zedong, Volume 8, p. 338, Pequim, Editora do Povo, 1999.

[6] Seleção e Compilação de Documentos Importantes do Partido e do Estado desde a Terceira Sessão Plenária do Décimo Primeiro Comitê Central (Parte I), Editado pelo Departamento de Administração Educacional da Escola do Partido do Comitê Central do Partido Comunista da China , p. 97, Pequim, 2003.

[7] Obras Selecionadas de Mao Zedong, Volume 7, pp. 230 e 231, Pequim, Editora do Povo, 1999.

[8] Bo Yibo: Revisão de Vários Eventos e Decisões Importantes, Volume II, p. 1137, Pequim, Escola do Comitê Central do Partido Comunista da China, 1993.

[9] Manuscritos Históricos da República Popular da China (Volume III), p. 307, Pequim. Editora do Povo, Editora Contemporânea da China, 2012.

[10] Obras Escolhidas de Deng Xiaoping, Volume 3, pp 2 e 3, Pequim, Editora do Povo, 1993.

Fonte:https://www.kunlunce.com/llyj/fl1/2019-05-17/133451.html

Tradução: Gabriel Martinez

Autor

  • Zhou Xincheng

    Zhou Xincheng nasceu em dezembro de 1934, na província de Jiangsu na República Popular da China; economista, teórico marxista, educador e especialista em questões da União Soviética e Europa Oriental; ex-reitor da Escola de Pós-Graduação da Universidade do Povo da China, professor da Escola de Marxismo na Universidade do Povo da China. Faleceu em outubro de 2020.

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