Em relação à origem histórica do colapso da União Soviética com Khrushchev, a reflexão histórica demonstra que os comentários de Mao Tsé-tung sobre a completa rejeição e negação que Khrushchev fazia de Stálin, o relatório secreto e seu desempenho subsequente naquela época revelaram uma profunda percepção histórica em suas previsões.
A primeira previsão era de que a negação da história socialista levaria à subversão do sistema socialista atual. Mao Tsé-tung acreditava que a negação completa de Stalin por parte de Khrushchev não se limitava apenas a uma avaliação pessoal de um indivíduo histórico, mas abrangia a forma como se olhava para os quase 30 anos de história do socialismo soviético sob a liderança de Stalin. Ele compreendia claramente que se a história do socialismo fosse negada, isso teria um impacto direto no sistema socialista vigente. Os eventos subsequentes confirmaram a profundidade da previsão histórica de Mao Tsé-tung A chamada “reforma” de Mikhail Gorbachev, na verdade, foi uma reestruturação consciente em que a reforma significava “abandonar o passado”. Nas palavras de Gorbachev, “tudo deveria ser destruído”. Gorbachev, conhecido como “o produto do 20º Congresso”, herdou diretamente o legado de Khrushchev e o levou ao extremo, usando a negação da história socialista como premissa para a reestruturação. Eles partiram da negação de Stalin e, posteriormente, direcionaram suas críticas a Lenin e à Revolução de Outubro. Essa depreciação histórica atingiu um ponto em que o sistema social perdeu sua base. Foi uma onda maléfica de negação da história revolucionária do Partido Comunista da União Soviética e da União Soviética como um todo, iniciada de cima para baixo pelo grupo de traidores liderado por Gorbachev. Isso resultou na desunião das pessoas, na quebra de crenças e, por fim, na destruição da União Soviética, que era a segunda maior potência mundial e havia feito grandes contribuições para o progresso humano. Infelizmente, a lei histórica de “se você deseja destruir uma nação, comece apagando sua história” se concretizou mais uma vez em nosso país vizinho ao norte.
Segunda previsão: Quando Nikita Khrushchev negou completamente Stalin em 1956, Mao Tsé-tung percebeu de imediato que isso inevitavelmente levaria a um afastamento da teoria científica do marxismo-leninismo. Ele declarou: “Eu vejo que há duas ‘espadas’: uma é Lenin, a outra é Stalin. Agora, a espada de Stalin, os russos a perderam. Ela não foi emprestada, mas sim jogada fora. E a espada de Lenin, será que alguns líderes soviéticos também a perderam? Parece que perderam bastante. A Revolução de Outubro ainda tem relevância? Ainda pode servir de modelo para outros países? A abordagem errônea de Khrushchev praticamente descartou também Lenin”. Ele ressaltou que, ao criticarmos o dogmatismo, devemos estar atentos também ao revisionismo. Após isso, Mao Tsé-tung destacou a importância de se manter vigilante em relação ao revisionismo dentro do partido, especialmente entre os líderes de alto escalão, como uma estratégia para prevenir a restauração do sistema capitalista. Ele apresentou essa preocupação como uma questão teórica e prática de grande magnitude, demonstrando grande visão. O sucesso das conspirações imperialistas ocidentais em minar os países socialistas depende, em última instância, de fatores internos desses países, sendo a liderança do partido, especialmente o centro, e sua adesão ao marxismo os fatores determinantes. A avaliação de Mao Tsé-tung sobre o surgimento do revisionismo no cenário internacional foi precisa e realista, e a tragédia histórica do colapso do Leste Europeu confirmou isso.
Terceira previsão: Mao Tsé-tung estava extremamente atento ao perigo da transformação do poder estatal de servidores públicos em “senhores da sociedade” e considerava a formação de uma classe privilegiada no aparato do partido e do Estado na União Soviética como uma das principais razões para a degeneração e descaracterização dos países socialistas. Durante uma discussão sobre o “Manual de Economia Política da União Soviética”, Mao Tsé-tung apresentou um ponto de vista importante: “Depois que a questão da propriedade é basicamente resolvida, a questão mais importante passa a ser a questão da gestão”. Ele enfatizou a importância da questão da gestão e das relações interpessoais como sendo o principal desafio após a resolução da questão da propriedade. Seu pensamento central era evitar que os gestores se tornassem “senhores da sociedade” em vez de servidores públicos e garantir que as novas relações de produção estabelecidas fossem capazes de se adaptar e promover o desenvolvimento das forças produtivas. Caso contrário, a natureza socialista das empresas poderia ser prejudicada ou até mesmo corrompida.
Embora Mao Tsé-tung tenha levantado a questão da natureza das empresas, na verdade, ele estava refletindo sobre como prevenir a transformação geral de um país socialista. Em 1965, durante sua visita a Jinggangshan, Mao Tsé-tung discutiu com os camaradas acompanhantes o espírito revolucionário e a tradição revolucionária de Jinggangshan. Ele usou a União Soviética como exemplo, mencionando a existência de um grupo privilegiado e burocrático dentro do partido e do sistema estatal soviético que controlava setores estratégicos do país e buscava grandes benefícios políticos e econômicos pessoais. Os membros comuns do partido e o povo comum não tinham muitos direitos e eram ignorados quando expressavam suas opiniões, além de serem alvo de repressão. É evidente que Mao Tsé-tung considerava a formação dessa classe privilegiada no aparato do partido e do Estado como uma das principais razões para a degeneração e descaracterização dos países socialistas. Essa previsão foi confirmada pela trágica dissolução final da União Soviética.
Quarta previsão: Os países socialistas também enfrentam o perigo de “evolução pacífica” promovida pelo imperialismo ocidental. Quando, na década de 1950, Dulles propôs a estratégia de “evolução pacífica” contra os países socialistas, Mao Tsé-tung foi o primeiro a perceber agudamente essa questão e soou o alarme para todo o partido e para o povo. Desde então, Mao Tsé-tung repetidamente enfatizou a necessidade de estar alerta e prevenir a “evolução pacífica”. Ele enfatizou que a “evolução pacífica” proposta por Dulles tinha uma base social interna nos países socialistas e que neles havia o perigo de ser alvo dessa “evolução pacífica”.
Foi exatamente de acordo com os planos e intenções do Ocidente que traidores como Gorbachev e Yeltsin assumiram o controle da União Soviética, levando-a a um caminho sem retorno. Essa trágica rendição às pressões imperialistas nos ensina profundamente: Se a tentativa do imperialismo ocidental de “evoluir pacificamente” um país socialista pode ou não ter sucesso depende, em última análise, dos fatores internos do país socialista, e o fator decisivo é se a liderança do partido, especialmente o governo central, pode defender ou não marxismo.
A história é um espelho. Se as previsões científicas de Mao Tsé-tung naquela época eram principalmente feitas de uma perspectiva de alerta, hoje essas previsões com uma visão histórica penetrante são confirmadas pela trágica dissolução do primeiro país socialista, o que as torna ainda mais impactantes e relevantes para a realidade atual.
Fonte:https://www.hswh.org.cn/wzzx/llyd/ls/2023-06-02/82077.html
Tradução: Gabriel Martinez
Autor
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Liang Zhu é professor, orientador de doutorado, ex-vice-reitor da Universidade de Pequim. Atua como vice-diretor do Centro de Pesquisa da Teoria de Deng Xiaoping do Ministério da Educação, vice-líder do grupo de avaliação de disciplinas do Plano Nacional de Filosofia e Ciências Sociais e diretor honorário da Associação de Pesquisa de Documentação do Partido Comunista da China entre outros cargos.